Publicado em 31 de março de 2014 às 16:13

Personal flyer dá dicas para quem tem medo de voar

Depois de saber de pesquisa do Ibop em 2003 que indicou que 43% dos brasileiros tinham medo de voar, ele teve uma ideia brilhante. Conheça a trajetória do personal flyer mais famoso do Brasil

Personal Flyer - Comandante Bassani

Comandante Bassani

A rotina da vida do comandante Bassani se vê há muito tempo atrelada a horários do tráfego aéreo, a normas de embarque e desembarque, e à sensação de caminhar ao lado das nuvens. A verdade é que, depois de ter sido comandante da Varig por 28 anos, à frente de importantes rotas nacionais e internacionais, o carioca de 58 anos não abandonou o universo da aviação – pelo menos não por completo. Ainda antes de se aposentar, em 2003, o Comandante Bassani se envolveu em um projeto e começou a fazer pesquisas a bordo a respeito do comportamento dos passageiros. Durante cinco anos, centenas de pessoas foram entrevistadas pessoalmente por ele. Não é à toa, portanto, que ele conseguiu reunir uma boa quantidade de informações sobre o perfil do viajante brasileiro.

Depois do levantamento, ele chegou à conclusão que o principal motivo de medo das pessoas era a falta de informação: o fato de não entenderem como funcionava um avião e seus dispositivos gerava uma enorme desconfiança. Criava dogmas errados. Causava receio. Com tal pesquisa qualitativa em mãos, Bassani conseguiu escrever seu primeiro livro: “O Mundo do avião – E tudo o que você precisa saber para perder o medo de voar”. Começou, também, a fazer palestras por todo Brasil e, a partir de 2004, atuar como personal flyer, termo criado pelo próprio, uma espécie de acompanhante pessoal para voos – mas um acompanhante com vasto conhecimento sobre o mundo da aviação. No próximo semestre, espera ainda lançar seu segundo livro, “Voando sem medo”.

Hoje, ele viaja o Brasil dando palestras em empresas e faculdades, além de manter uma média de quatro operações por mês como personal flyer. O preço do serviço é $300 a hora, mas isso depende se ele tiver que se deslocar para cidades muito distantes (aí serão acrescentados preços das passagens ida e volta, traslado, hotel e alimentação).

Conversamos com ele, de São Paulo a Florianópolis, cidade onde vive com a família há dezesseis anos.

Qual o perfil mais comum de passageiro que solicita seu acompanhamento?

Bom, não sei números precisos, mas a maioria dos meus clientes são mulheres, na faixa dos 25 aos 45 anos, e o objetivo da viagem é trabalho. Há muitos executivos. Mas, outros dados pessoais não fazem parte do meu conhecimento, pois o contato online feito inicialmente é totalmente sigiloso. Nem foto eu peço, me foco nos motivos da procura. Assim me preparo melhor para atendê-la.

Quais são algumas das suas recomendações?

Muitos dos conselhos são os mesmos dados aos comissários de bordo. É importante se hidratar bem durante a viagem – 200 ml a cada hora é suficiente -, não beber bebidas alcoólicas e uma coisa que ajuda na circulação sanguínea é usar meias Kendall, aquelas que vão até o joelho. Eu também combino exercícios de meditação, levo músicas, textos, imagens, mapas, tudo para ele relaxar e entender melhor. A cabeça do ser humano entende aos poucos. Tem gente que liga e diz que já consegue viajar sozinha. Aí é missão cumprida.

Vale tomar remédio para dormir?

Olha, eu nunca recomendo remédios. Meu método é outro. É informá-la para que ela se sinta segura. Quem tem um problema mais sério, psicológico, recomendo que procure um médico, eu não me envolvo.

Como é possível agendar um horário?

A pessoa que quer agendar um horário deve primeiro entrar no meu site, personalflyer.com.br, e enviar uma mensagem junto com o e-mail para contato. Ela vai receber um questionário com mais ou menos 15 perguntas. São basicamente questões sobre a intenção dela no serviço, e sobre seu psicológico. Eu vou analisar se posso ajudar aquela pessoa ou não – já que não sou médico. Depois de dois, três dias no máximo, eu respondo, com um positivo. E marcamos o dia.

No dia do voo, qual é o procedimento?

O acompanhamento começa uma hora antes do voo, quando eu começo a apresentar o check-in, a sala de embarque, como saber localizar o avião, etc. Já dentro da aeronave, o que fazemos é conversar. Ela faz várias perguntas e eu respondo cuidadosamente. Ela mesma é quem conduz. Se sou eu que faço isso, vira uma coisa automática para mim. A ideia é que ela vá perdendo o medo de voar através do conhecimento que vai adquirindo. A dúvida é o principal causador do medo. Também fazemos alguns exercícios de meditação, se for preciso. Tem viagem que demora duas horas, outras demoram dez. E, depois, ao descer do avião, fico mais uma hora para mostrar como ela deve se organizar, pegar a mala. Mas fica a critério, o tempo antes e depois do voo é flexível.

O senhor atende passageiros estrangeiros também? E se quiser repetir?

Sim, sem problemas, é o mesmo procedimento falado em inglês. Já atendi pessoas da Venezuela, Peru e Espanha. E aconteceu também de atender mais de uma vez a mesma pessoa, e fazer voos internacionais, mesmo que sejam mais raros. Não me preocupo com a quantidade de pessoas que atendo no mês, e sim se ela fica satisfeita com o apoio, se eu realmente consegui ajudá-la.

Visite: www.personalflyer.com.br

 

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