Apesar da insatisfação dos consumidores com os preços dos lanches e refeições nos aeroportos, a Associação Nacional de Concessionárias de Aeroporto (Ancab) alega que os custos de manutenção dos estabelecimentos são muito altos para permitir abatimentos.
Segundo o empresário Miguel Costa, membro do conselho de administração da Ancab, não é possível reduzir os valores cobrados, porque a manutenção no aeroporto é mais cara do que a de um estabelecimento comum. “O aluguel de um espaço no aeroporto é muito mais caro. Também é preciso ter mão de obra 24 horas, e isso dá uma fortuna de adicional noturno. A energia no aeroporto é mais cara, e se precisar de algum reparo, o lojista não pode chamar a empresa mais barata. Tem que ser a que a Infraero contrata”, pondera.
Ele não considera os preços da alimentação nos aeroportos excessivos. “Um café em um shopping custa R$ 3,20. No aeroporto, R$ 3,50. Pode haver diferença do padrão de rua, mas não do padrão de shopping”, diz.
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) anunciou que pretende implantar lanchonetes populares nos aeroportos, com preços mais baratos. No modelo de lanchonete popular proposto pela Infraero, 15 produtos serão tabelados, com base em uma pesquisa dos preços praticados nos mercados locais.
Até o momento, os aeroportos das cidades paranaenses de Londrina e Curitiba já têm estabelecimentos do tipo. O próximo a receber o modelo será o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com o pregão, para escolher a empresa responsável, marcado para 10 de dezembro. No caso do Galeão, a porção com seis pães de queijo vai custar R$ 2,40 e o refrigerante em lata sairá por R$ 3,60. O café expresso será R$ 2,90.
Agora em dezembro, está prevista a licitação para a lanchonete popular do aeroporto Santos Dumont. Os aeroportos Guararapes, em Recife (PE), e Augusto Severo, em Natal (RN), foram licitados em agosto e tiveram o contrato assinado em setembro, com prazo de 90 dias para entrar em funcionamento. Em setembro, a Infraero fez a licitação da lanchonete popular de Congonhas, em São Paulo, e em outubro, a do aeroporto Luís Eduardo Magalhães, em Salvador (BA).
Ganha a licitação a empresa que oferecer o maior valor de aluguel para a Infraero, a partir de um preço mínimo estipulado no edital. A lanchonete é obrigada a manter somente o cardápio de 15 itens a preços populares, podendo cobrar valores mais altos em outros produtos.
De acordo com a assessoria de comunicação da Infraero, a intenção é que até 2014 todos os terminais de cidades-sede da Copa recebam uma lanchonete popular. A implantação, no entanto, está sujeita à disponibilidade de espaço.
A assessoria da Infraero informou ainda que atualmente os restaurantes e lanchonetes dos terminais não são obrigados a obedecer a qualquer tipo de tabela. De acordo com a estatal, os preços nesses locais estão sujeitos apenas às leis da livre concorrência. De acordo com a empresa, o objetivo da iniciativa das lanchonetes populares é “oferecer opções mais em conta e fortalecer a concorrência”. Questionada se o estímulo à competição ajudaria a baixar os preços atuais e se a estatal os considerava altos, o órgão informou que não poderia fazer juízo de valor sobre a questão.
Para Miguel Costa, a implantação de lanchonetes populares não ajudará a diminuir os preços das demais lanchonetes e restaurantes no aeroporto. “Não vai puxar para baixo porque não tem como o concessionário praticar menos do que aquilo. Além disso, na lanchonete popular o preço será tabelado para 15 produtos. O resto do estoque é livre e o lojista vai aproveitar para compensar”, opina.
Na avaliação de Maria Inês Dolci, coordenadora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (ProTeste), o motivo do maior custo da alimentação nos terminais aéreos é a presença de pouca competição. “O que acontece nessa questão do aeroporto é que as empresas têm pouca concorrência ali dentro. Dá para perceber que é muito mais caro, e não é só a lanchonete. As outras lojas também”, disse.
Para quem não quer pagar caro, ela recomenda não fazer as refeições nos aeroportos. “O consumidor, já sabendo que é muito mais caro, tem de evitar comer. É melhor fazer a refeição em casa, antes de viajar, ou então em um estabelecimento fora do terminal”, sugere. Ela propõe ainda que os usuários fiquem atentos à qualidade dos serviços prestados, e caso achem algum preço realmente abusivo e fora dos padrões de mercado, façam queixa à Infraero. “Se for grave e o consumidor não reclamar, aquele problema continua”, diz.
Fonte: Agência Brasil