O norte-americano Gregg Fitts é piloto da American Airlines há 28 anos. Com rotina intensa e voos madruga adentro, comandante Fitts faz, além de diversos destinos nos Estados Unidos, frequentes viagens internacionais. No Brasil, voa para o Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Brasília e Salvador. Assim como seu pai, de quem puxou a paixão de voar, Gregg começou como instrutor de pilotos em pequenos aviões, a exemplo dos modelos monomotores da marca Cessnas. Também trabalhou em uma pequena companhia aérea antes de iniciar na American Airlines, em 1986, com a idade de 22 anos. “Desde então, tenho pilotado aeronaves de médio e grande portes da Boeing, Airbus e McDonnell Douglas. Também trabalhei no departamento de treinamento de simulações”, conta o aviador que é fã assumido de açaí e das praias do Rio de Janeiro.
Para você, qual é o maior desafio para o piloto hoje em dia? Você consegue se lembrar da situação mais perigosa pela qual passou até hoje?
Um dos principais desafios para mim são os horários, a agenda que temos que cumprir, pois muitos dos meus voos levam a noite toda. Por isso, você tem que manter sua saúde. Isso inclui dormir bem, fazer exercícios constantemente, se alimentar de maneira saudável e manter os exames em dia. E meu momento mais perigoso foi quando ensinava novos pilotos em aviões de pequeno porte e eles os colocaram em posição de risco. É perigoso. Um piloto novo deve praticar: giros, decolagens e pousos e voar lentamente. E o instrutor tem que supervisionar se a manobra está correta.
Você viaja para o exterior com freqüência. Como é voar para fora dos Estados Unidos?
Eu faço muitos voos internacionais. A coisa mais difícil é a barreira da língua. No Brasil, voo para o Rio, São Paulo, Recife, Brasília e Salvador.
Entre eles, qual é o melhor? E o pior?
O mais fácil de voar, eu diria que é Guarulhos, em São Paulo. Eles parecem lidar bem com uma grande quantidade de tráfego por causa do modo que o aeroporto está configurado, com pistas paralelas. No Rio, é mais difícil, pelo mesmo motivo, por causa de como as pistas estão organizadas. Quando há pistas paralelas, os aviões conseguem decolar e pousar mais rápido, sem atrasos.
Quais são os aeroportos no Brasil ou no mundo que são uma referência a você, tanto como piloto quanto passageiro? Por quê?
Aeroportos-modelo seriam aqueles com múltiplas pistas paralelas, como Dallas/Ft Worth International Airport e Atlanta. No Brasil, São Paulo [Guarulhos] e Brasília têm isso. Com esta configuração, você pode lidar com mais tráfego. Como passageiro, prefiro os aeroportos pequenos. Menos pessoas, menos tempo esperando nas filas, menos tráfego aéreo esperando para decolar. Quanto maior o aeroporto, mais você tem que esperar para tudo. Todos os grandes aeroportos têm congestionamentos.
Qual seria a prioridade para melhorar os aeroportos brasileiros?
Eu acho que a coisa mais importante que o controle de tráfego aéreo (Air Traffic Control) poderia fazer é usar o procedimento padrão. A maioria dos controladores no Brasil seguem, mas não todos. O termo “procedimento padrão” significa que todos os controladores fazem a mesma coisa. Por exemplo: quando o controlador dá um comando para um avião, ele espera pela resposta dos pilotos antes de falar com outro avião. Isso é chamado procedimento padrão em todo lugar do mundo. A maioria dos aeroportos seguem esse modelo. Além disso, nem todos os controladores têm um bom nível de Inglês, e isso facilitaria a comunicação.
Como a American Airlines está se preparando para a Copa do Mundo? Há algo de novo sobre a sua agenda?
A AA está adicionando mais voos e aviões maiores, já que a Copa do Mundo parece não precisar de propaganda.
O que te orgulha em trabalhar para uma empresa global como a AA?
Para mim, é o grupo de pilotos. Nossa diversidade de experiência faz de nós um grupo diferente e unido. Em dias de folga, alguns têm outros negócios ou carreiras, como policiais, médicos e generais da Força Aérea. Temos até alguns que vooam em Ônibus Espacial. Somos uma equipe.
Por Giovanna Rossin