A greve dos controladores aéreos iniciada nesta terça-feira na França se estende nesta quarta-feira (12) a 11 países europeus. A categoria protesta contra uma reforma de racionalização do espaço aéreo na Europa, elaborada pela Comissão de Bruxelas, que deve resultar numa redução do número de empregos no setor. No segundo dia de paralisação na França, as autoridades aéreas preveem o cancelamento de 1.800 voos dos 7.650 programados diariamente nos aeroportos franceses.
Dezenas de voos, principalmente domésticos ou europeus, já foram cancelados nesta quarta-feira em Roissy-Charles-de-Gaulle e Orly, os dois principais aeroportos parisienses. Atrasos estão previstos durante todo o dia. Os trajetos de longa distância são menos afetados. Os dois voos matinais para o Rio de Janeiro e São Paulo já decolaram e os seis voos da noite estão confirmados.
A Direção Geral da Aviação Civil francesa (DGAC), que pediu às companhias aéreas para reduzir em 50% o número de voos, aconselha os viajantes a se informarem antes de ir ao aeroporto. Entre 30% a 50% dos passageiros preferiram evitar problemas e adiaram as viagens, segundo a Air France.
Ontem, no primeiro dia da greve, também foram cancelados 1.800 voos, cerca de um quarto do tráfego normal. A paralisação foi apenas francesa, mas hoje 11 outros países europeus aderem ao movimento contra a liberalização do controle aéreo no continente.
No entanto, ao contrário do que havia sido anunciado inicialmente, a greve prevista para durar até quinta-feira deve perder o fôlego amanhã. O principal sindicato de controladores francês já suspendeu o último dia do movimento depois que a França e a Alemanha pediram à Comissão de Bruxelas para retirar o projeto que prevê a criação de um espaço aéreo único no continente.
Hoje, quem buscar alternativa e tentar viajar de trem na França também terá problemas. Os ferroviários franceses entram em greve a partir da noite desta quarta-feira e a previsão é que até a manhã de sexta-feira, quatro em cada dez trens não vão circular.
Reforma contestada
A reforma anunciada ontem pelo Comissário Europeu dos Transportes, Sim Kallas, visa criar nove blocos aéreos no espaço europeu, obrigando os 27 países a trabalhar juntos. Atualmente, cada integrante do bloco tem seu próprio sistema de circulação, levando a um acúmulo de 60 controles aéreos, contra cerca de 20 nos Estados Unidos, país que tem um espaço aéreo comparável.
Na Europa, por falta de coordenação adequada, os aviões voam em média 42 quilômetros a mais do que o necessário. O que aumenta em 23% os custos comparados com os do sistema americano. A racionalização do tráfego aéreo europeu deverá suprimir 6 mil postos trabalho de um total de 57 mil.