Você já reparou que a maioria das aeronaves são brancas? E não é somente em solos brasileiros, não.
A característica é notada na aviação mundial, ou seja, em companhias aéreas de todo o mundo.
Claro, existem os chamados esquemas de design utilizado pelas empresas aéreas, que ajudam na hora de destacar a sua marca, mas, em geral, os veículos têm, digamos, o seu fundo pintado de branco.
O que muitos entusiastas de aviação não sabem é que o predomínio do branco está relacionado a aspectos técnicos e de economia de recursos financeiros, e não à questão estética. É mais fácil e barato usar a coloração.
Por exemplo: a pintura branca em um Boeing 767 custa entre US$100 mil e US$120 mil. “Outras mais complexas, como as aeronaves da Azul, com aquela bandeirinha cheia de cores, custam mais. Mas o preço depende muito do modelo e dos detalhes”, comentou Antônio Augusto, gerente-geral de manutenção da TAP em Porto Alegre. Sem contar o tempo o qual permanece no hangar, visto que cada camada de tinta tem um tempo de espera de 12 horas de uma mão para outra.
No entanto, não é uma regra a ser seguida, a decisão de pintura é da empresa. Contudo, cerca de 99% das aéreas seguem este parâmetro. Além do fator já citado, existem outros pontos que fazem as transportadoras optarem pela cor branca, veja abaixo:
CALOR
Com certeza, você conhece a teoria de que um carro preto sob o sol esquenta mais do que qualquer outro, certo? Esse princípio também vale para os aviões. Acontece que o branco é a cor que mais reflete os raios solares.
Para manter a temperatura interna ideal quando o avião está no solo, é necessário acionar um motor auxiliar chamado de APU (Unidade de Potência Auxiliar, na sigla em inglês). Para funcionar, claro, a APU consome combustível. Em um ambiente que não esteja superaquecido, esse consumo é menor. E o departamento financeiro das companhias agradece.
VISIBILIDADE
Não queremos dizer que o avião é mais visível no céu. O branco nos aviões também agiliza o trabalho de manutenção e aumenta a segurança dos voos. É que a cor aumenta a visibilidade de rachaduras, vazamentos de óleos e corrosões. Além de evitar contratempos mais graves, quanto antes um dano for reparado, menor deverá ser o custo do conserto. Há também a questão do tempo: avião no chão é dinheiro perdido para as companhias.
PESO
Camadas extras de tinta aumentam o peso do avião, que passa a consumir mais combustível e a gerar prejuízo para a transportadora. Um avião comum – 737 e A320, por exemplo -, dependendo da pintura, pode ter um acréscimo de até 300kg somente em tinta, e esse peso equivale a pelo menos 4 pessoas de porte médio.
A Airbus calcula que um A380 – o maior avião comercial – leve 531 kg de verniz e base para a tinta, e 650 kg no total com todas as camadas de pintura. Cores claras exigem uma camada mais fina, consequentemente menos uso de tinta e um avião mais leve. Já as cores escuras exigem mais camadas para atingir o tom ideal.
VALOR DE REVENDA
A cor dos aviões nem sempre é uma decisão exclusiva das companhias aéreas. Boa parte da frota das empresas é adquirida por meio de leasing. Quando acaba o contrato com uma companhia, o real proprietário do avião quer repassar a aeronave em questão o mais rápido possível para outra instituição. Toda a negociação fica mais fácil quando o avião já vem nas mesmas cores de seu futuro operador. O mesmo acontece quando a empresa é a proprietária do avião. Quando quiser revender a aeronave, o valor de mercado será maior.
EXCEÇÕES
Em alguns casos, porém, as companhias deixam a lógica de lado por uma questão de marketing, patrocínios ou comemorações. A Air New Zeland, por exemplo, tem o seu Boeing 777-300ER na cor preta. A iniciativa é uma homenagem ao time de rugby da Nova Zelândia “All Blacks”. Bom, quanto a pintura da aeronave, um show à parte quando está nos ares!
Já aqui no Brasil, durante a Copa do Mundo de 2014, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes chamou os artistas plásticos Otávio e Gustavo Pandolfo, da dupla “Os Gêmeos”, para pintar um Boeing 737-800 inteiro. O avião com visual único foi usado para transportar a seleção brasileira pelo país. *As informações são do “Todos a Bordo”.