Publicado em 10 de abril de 2014 às 15:24

Companhia aérea transporta passageiros, mas “deixa” as malas

Em dificuldades financeiras, a companhia de aviação Passaredo Linhas Aéreas deixou de levar no avião as bagagens dos passageiros em pelo menos dois voos entre Guarulhos (SP) e Vitória da Conquista (BA) deste ano. A razão para essa prática seriam as medidas de economia adotadas pela empresa, que, desde 2012, enfrenta uma crise financeira.

Segundo alguns funcionários da Passaredo, a companhia deve à fornecedora de combustível de Vitória da Conquista, a Oeste, e, por isso, não abastece os aviões lá. A Oeste confirma essa declaração e afirma que a companhia aérea está em débito com ela desde 2012. Já a Passaredo limitou-se a declarar que o preço de combustível cobrado pela Oeste é três vezes mais caro em relação ao que é cobrado em outros aeroportos.

A Passaredo explicou o caso, afirmando que em dias muito quentes, o consumo de combustível é maior. Por ser difícil abastecer o tanque e, simultaneamente, levar todas as bagagens, as malas são transportadas depois, geralmente, no dia seguinte.

Outra medida adotada pela companhia aérea para reduzir os custos foi diminuir o número de assentos à venda no avião, passando de 70 para 62.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que irá fiscalizar a empresa e verificar se o acontecido implica em alguma irregularidade.

Crise financeira

Há algum tempo a Passaredo vem enfrentando problemas financeiros. No dia 19 de outubro de 2012, a companhia entrou com um pedido de recuperação judicial, para “viabilizar o pagamento do passivo gerado devido a diversos fatores que vêm ocorrendo nesses últimos tempos”, afirmou na época. Estima-se que a dívida fosse superior a R$ 150 milhões. Segundo a companhia, o alto preço do combustível, o atendimento de demandas regionais utilizando jatos e a “concorrência predatória” vivida em sua base principal, Ribeirão Preto, são os motivadores dos problemas financeiros enfrentados por ela.

Os credores da Passaredo, no entanto, aprovaram um plano de recuperação judicial para renegociar a dívida e aprovaram uma estratégia de recuperação para saná-la em até 15 anos.

Na mesma época, a Passaredo anunciou também a demissão de 113 funcionários, devido, segundo ela, a reestruturação da malha aérea, que atenderia, agora, somente às regiões Sudeste e Centro-Oeste, não realizando mais vôos para Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Cascavel (PR) e Londrina (PR).

Já no começo de 2014, o Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com uma ação civil pública contra a companhia, pedindo a suspensão imediata de voos realizados por ela, caso a empresa deixasse de pagar integralmente os salários de seus funcionários.   Isso porque, de acordo com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), os vencimentos da maioria dos comissários de bordo, pilotos e copilotos, que deveriam ter sido quitados até o dia 7 de março, não foram depositados e algumas vezes os funcionários recebiam o valor parcial de seus salários.