Publicado em 17 de julho de 2014 às 15:35

Uma ideia na cabeça, uma câmera na mão e muitas caronas pelo caminho

Quem nunca pensou em largar tudo e conhecer o mundo? Leonardo Maceira, fotógrafo curitibano de 23 anos, decidiu, em janeiro de 2014, que era a hora de viver esse sonho. Teve início, então, uma incrível história que não tem data pra acabar: sem dinheiro nenhum na carteira, Leonardo colocou o pé na estrada contando apenas com a ajuda de desconhecidos que aceitam recebê-lo em suas casas nos lugares para onde vai. Para isso, ele mantém no Facebook a página Os Lugares de Cada Um, que serve como uma espécie de diário e também o ajuda a encontrar pessoas dispostas a recebê-lo e compartilhar um pouco de sua aventura. O fotógrafo também mantém a Nu Mondo, página em que divulga um pouco do seu trabalho, aliando a beleza de algumas mulheres às belezas naturais dos lugares por onde passa.

A jornada inusitada de Léo é recente, mas já está ganhando grande repercussão: nesses poucos meses fora de casa, ele já participou de uma entrevista com Fátima Bernardes e surgiu um autor interessado em transformar sua história em livro.

Leonardo Maceira

Leonardo Maceira

Como surgiu a ideia de viajar como um estilo de vida?

Dos 16 aos 20 anos, joguei futsal profissionalmente na Itália. Nesses quatro anos, passei a me interessar cada vez mais por cinema. Comprei uma câmera, comecei a fazer vídeos de algumas cidades e alguns vídeos engraçados… Logo decidi parar de jogar bola. Não pensava em outra coisa que não fosse fazer cinema. Foi então que me apaixonei pela fotografia. Sempre tive interesse em me aventurar, viajar, conhecer. Terminei o curso de fotografia e me joguei no mundo.

Quando você teve coragem de começar a viagem?

Voltei da Itália em 2011 e comecei a pensar na viagem lá por volta de junho de 2013, mas só saí de casa no dia 9 de janeiro de 2014.

Você viaja sem dinheiro nenhum. Como funciona essa questão?

Não sou contra o dinheiro. Acho que o mundo está muito capitalista, o povo é muito ganancioso. Viajo sem dinheiro porque não tenho e gosto de não tê-lo – talvez, se eu tivesse, viajaria com. Mas vivo muito bem assim. O dinheiro deixa as pessoas cautelosas, estressadas.

E como fica o trabalho como fotógrafo? Como surgiu a ideia do Nu Mondo?

Tenho feito muitas fotos por onde passo. A ideia é aprender, crescer. Estou criando um vasto portfólio e ficando cada vez mais conhecido por aí. Venho realizando um grande trabalho e melhorando a cada dia. Quanto ao Nu Mondo, eu fazia ensaios sensuais antes de começar minha viagem. Sempre gostei do nu, do sensual, do corpo, das mulheres. Como estou sempre em lugares paradisíacos, aproveitei para fazer grandes ensaios.

Qual o lugar do Brasil que mais o encantou?

Gostei muito de Trancoso (BA) e Pipa (RN). Pipa é fascinante, muito linda mesmo. Fiquei quatro dias por lá, aproveitei bastante, fiz fotos maravilhosas e conheci pessoas incríveis também.

Qual a pior parte de viajar dessa maneira?

Olha, tudo o que vivi foi bom! Teve dias em que fiquei um pouco mais na estrada, dormi em posto, peguei dengue. Mas não vejo isso necessariamente como uma coisa ruim. Quando saí de casa, estava disposto a viver uma aventura. Se tudo der supercerto sempre, não será uma aventura! (risos) Só depois que eu passo por esses momentos com maiores dificuldades é que paro e penso no que vivi. É uma historia que está sendo escrita.

E a melhor?

Viajar assim, sem dinheiro, faz com que você relaxe. Eu simplesmente vivo. Faço o que dá pra fazer e foram raras as vezes em que quis fazer alguma coisa que não deu certo. Uma vez tive vontade de andar de helicóptero e quase rolou! (risos) Acho que é a única coisa que não consegui que eu me lembre. Viver sem dinheiro faz com que as minhas relações com as pessoas sejam mais intensas. Sempre aviso na minha página do Facebook para onde estou indo e algumas pessoas sempre se dispõem a me receber. Fiz bons amigos, com quem mantenho contato. Inclusive, agora, na continuação da viagem pretendo viajar com alguns deles pelo caminho.

E qual é o próximo destino?

A ideia, a princípio, era contornar o Brasil e chegar ao México pelo Caribe. Mas, como tive que voltar a Curitiba para gravar umas entrevistas, isso me fez mudar o “roteiro”. Eu estava em Natal e voltei para São Paulo (em avião pago pela emissora). Então, vou fazer o caminho inverso pela América Latina: já estou descendo a caminho do Uruguai e depois vou subir para Argentina, Chile… Toda a América do Sul.

A viagem tem data para terminar?

Não tem, não. Quero conhecer todos os países do mundo.

O que é indispensável no seu mochilão?

Minha câmera fotográfica! Fotografo todos os dias. Tenho evoluído muito no meu trabalho. Também mantenho um diário, onde documento todas as minhas experiências. Tenho vontade de escrever um livro. Há pessoas interessadas em me ajudar. Estou pensando ainda pra ver o que fazer, mas o livro deve sair.

Quais são suas dicas para um viajante que gostaria de começar a viajar da mesma maneira que você?

Sair de casa! Ter coragem e sair. Isso é o mais difícil. Depois, as coisas acontecem naturalmente, é só viver.

Se você gostou da história do Léo e quer acompanhar o desenrolar dela, é só curtir a página Os Lugares de Cada Um www.facebook.com/OsLugaresdeCadaUm

Por