É isso mesmo, uma profissão até certo ponto comum na Europa, mas pouco explorada por aqui. Um personal guide ou guia turístico personalizado, são geralmente pessoas cultas, poliglotas e que conhecem muito bem os caminhos e as histórias de uma cidade e tem roteiros específicos para cada tipo de cliente em seu portifólio.
Trata-se de um serviço de luxo, onde o requinte e a personalização variam de cliente para cliente. Luxo que não significa opulência, ou algo reservado para poucos bilionários, e sim, um passeio paulistano de alto nível sócio-cultural.
É um serviço para turistas exigentes que querem sair do óbvio, ter a chave de outros prazeres. Por exemplo, um chef internacional que vem a São Paulo conhecer tanto os sabores do D.O.M, um dos melhores restaurantes do mundo, como também do Recanto Nordestino com suas comidas tipicamente brasileiras. É para o arquiteto que vê o MASP de Lina Bo Bardi, mas também vê as intervenções grafiteiras nos becos da Vila Madalena. Prefeitos de grandes cidades do mundo, de olho nas soluções da maior metrópole brasileira. Imagine se sozinho, um estrangeiro conseguiria se localizar dentre sabores e visões tão díspares?
Não chega a ser a invenção do turismo long tail, os passeios em sua maioria são abrangentes, mas o turismo fora de um padrão estético definido por agências é um tanto interessante de se ver.
Nós conversamos com Flávia Liz, uma dessas paulistanas apaixonadas pela cidade e que executa este tipo de turismo personalizado. Ela nos conta que a maioria de sua clientela são estrangeiros. Executivos, jornalistas, fotógrafos, políticos, estudantes, que ela conduz através do seu cardápio de roteiros e com seu domínio sobre seis linguas – português, inglês, espanhol, italiano, alemão e francês-, conhecimentos adquiridos por anos vividos em diversos países e também pela graduação em línguas pela USP. No entanto, sua rara percepção acerca deste turismo diferenciado vem da paixão absoluta por São Paulo, é o que desperta seu feeling para mostrar o inusitado, a história não convencional, a música que nunca seria ouvida ou o sabor que jamais seria encontrado no roteiro padrão.
Seu script mais degustado é o zapping SP, justamente pra quem tem pouco tempo. Trata-se de um giro pelos principais pontos de São Paulo e suas histórias.
Roteiros variados
Entre gastronomia, mundo fashion, arquitetura, ecológicos, o cardápio turístico em seu site, conta com 19 roteiros que funcionam como sugestões ao turista, mas a personalização é a chave mestra do passeio.
O preço do tour varia, há casos e casos, assim como a duração do passeio geralmente fica entre 3 a 4 horas.
Seu portifólio é robusto, contém consulados, câmaras de comércio, governo federal, estadual e municipal, empresas de relocation, hotéis 5 estrelas e de design, feiras, congressos, convenções, multinacionais, empresas brasileiras que recebem visitantes de outras cidades ou países, jornalistas, produtores, professores, pesquisadores, estudantes, missões comerciais e organizadores de eventos culturais estão entre as pessoas e empresas atendidas.
Por dentro das favelas
Um dos roteiros leva o turista a vivenciar a rotina da população mais humilde da cidade, mas não com enfoque na pobreza e sim, em sua sua expressão cultural e artística que – um retrato autêntico da população mais humilde da cidade de São Paulo. Por exemplo, na favela de Paraisópolis mora Estevão na sua Casa de Pedra. Conhecido como o “Gaudi brasileiro”, ele é um artista singular , mora em sua escultura toda feita com materiais reaproveitados, repleta de detalhes que ele vai moldando em suas horas vagas dia após dia através do tempo.
Outro artista de Paraisópolis é Seu Berbela que transforma sucatas de sua oficina de carros em esculturas surpreendentes.
Futesampa, futebol em São Paulo
Conhecer por dentro a maior das paixões brasileiras, o futebol. Sua história, curiosidades, galeria de troféus e, o melhor, com acesso a vestiários e gramados eternizados pelos craques que fizeram desse o esporte mais popular do planeta.
A sensação é de um passeio com uma amiga e isso significa um valor adicional para muita gente, diria que para todos os turistas – prazeiroso.